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Cuba: Havana

  • Cristina Viñas Gomes
  • 21 de jan. de 2014
  • 9 min de leitura

Quem não tem curiosidade de conferir de perto como vive a população da única nação socialista das Américas? Localizada na América Central e banhada pelo mar do Caribe, a natureza é bela, mas Cuba é um país de muitas contradições. Enquanto o analfabetismo é inexistente, a maioria da população adulta possui curso superior e a saúde se apresenta como modelo, não há liberdade, a população é reprimida e os alimentos racionados.

Em Havana, encontram-se advogados atendendo em restaurantes e carregando malas em hotéis ou engenheiros como motoristas de taxis com salários mensais de cerca de 15 CUCs e ressalte-se que um almoço para um turista pode custar quase isso: entre 10 e 20 CUCs.

Nos grandes hotéis e resorts, parcerias com grandes redes internacionais, há muita fartura, ao que a população não tem acesso e por isso sonha em ir embora. Nove em cada dez cubanos afirma que um dia conseguirá sair de lá. E o restante tem medo de expressar sua opinião. No entanto, mesmo com tantas carências, as pessoas são simpáticas e parecem alegres. Em quase todos os restaurante a salsa rola solta. Há grupos que se apresentam, cantam, dançam e convidam os comensais a fazerem o mesmo. No final, é claro, passam o chapéu e recebem alguns trocados de euros para engordar seus parcos salários.

Cuba é um país em que a memória de Che é utilizada até a exaustão. Painéis afixados nos hotéis e outdoors espalhados pelas avenidas enaltecem os ideais revolucionários e seus mártires. Toda informação está sob um rigoroso controle estatal. Uma televisão censurada em que se pode assistir quase que somente programas culturais e políticos (todos em consonância com as ideias socialistas) reflete a falta de liberdade existente.

Mesmo vendo tanta pobreza os turistas tem vontade de voltar. Há algo em Cuba que atrai. Provavelmente seja a simpatia e a musicalidade do seu povo.

O fracasso econômico é resultado do embargo imposto pelos Estados Unidos, que por décadas utilizaram sua influência política para impedir que empresas e países mantivessem negócios com Cuba. Até o início da década de 90, havia o apoio da União Soviética, que importava o açúcar e o tabaco cubanos além de contribuir financeiramente com o país. Mas com a sua dissolução em 1991, a situação se tornou extremamente difícil.

Em virtude das belezas naturais da ilha, para contornar a situação, o governo passou a permitir algumas atividades capitalistas em especial o turismo, formando parcerias com redes hoteleiras internacionais, o que deu origem a grandes hotéis e resorts. Os paladares também foram inovações, só que totalmente privadas. Trata-se de restaurantes privados que oferecem comida tradicional, que permitem uma proximidade maior com a cultura local.

As vendas de computadores pessoais e telefones celulares também já estão liberadas. Contudo, os preços tornam esses produtos proibitivos para a população considerando os seus reduzidos salários.

No que tange à saúde, os serviços são realmente gratuitos, contudo, pela burocracia e demora, quando o cidadão consegue seus óculos, o grau já aumentou. Isso também se observa com relação à saúde bucal.

Barak Obama vem flexibilizando as viagens de americanos a Cuba, mas nem todos podem viajar. A autorização é somente para algumas categorias como educativas, esportivas, religiosas e artísticas. Até o final de julho de 2015, os EUA vai reabrir sua embaixada em Cuba e vice-versa.

Os principais destinos turísticos de Cuba são Havana, Cayo Largo e Varadero.

Havana é história. É o contato direto com a cultura e o povo cubano. Cayo Largo é beleza natural é o contato direto com uma natureza quase virgem e bem conservada. Varadero, por sua vez, é o contato com turistas de diversas partes do planeta, principalmente europeus. É diversão e festa. Não parece fazer parte de Cuba; não reflete sua cultura e na grande maioria os prédios já estão descaracterizados. O estilo de vida é totalmente turístico. Há gringos por todos os lados.

Havana

Havana é a capital e a cidade mais populosa de Cuba. É onde se pode conhecer a história e os costumes do país através dos museus, dos prédios históricos e do contato com a simpática população.

A arquitetura e suntuosidade espanhola podem ser admiradas em igrejas e nos grandes prédios que em tempos idos devem ter sido belos, mas muitos deles hoje parecem cortiços. No entanto, observam-se os esforços que estão sendo feitos para recuperação dos mesmos. Há também os castelos e torres construídos para defender a cidade de corsários e piratas. Recebeu o título de Patrimônio da Humanidade em 1982.

Praça da Revolução

Na Praça da Revolução está o monumento a José Martí, o herói da luta pela independência do colonialismo espanhol.

Fulgêncio Batista assumiu o governo em 1940, permanecendo por apenas quatro anos. Retornou em 1952 por meio de um golpe militar. A partir de então iniciou um período de intensa ditadura, a qual foi combatida e posteriormente derrubada por Fidel Castro e Che Guevara.

Monumento ao herói José Martí

Monumento ao herói José Martí

Com a instalação do governo em 1958, o Comandante Che, como é carinhosamente chamado pelos cubanos, ocupou cargos bastante importantes. Deixou o país em 1965 para lutar contra o imperialismo em outros países. Foi capturado e morto em outubro de 1967 na Bolívia.

Hasta la Vitoria siempre é a frase com a qual concluiu a carta de despedida endereçada a Fidel.Ainda hoje velhas e desbotadas pichações contra Batista podem ser vistas em algumas paredes de prédios em Havana.

hostilidade à Batista

Ainda hoje velhas e desbotadas pichações contra Batista podem ser vistas em algumas paredes de prédios em Havana.

Bodegon de Theodoro
Conta-se que quando jovem Fidel e seu grupo já se reuniam secretamente no Bodegon de Theodoro, um bar localizado perto da Universidade de Havana onde debatiam estratégias revolucionárias e pontos que deveriam ser priorizados pelo governo: reforma agrária e do sistema de saúde e campanha contra o analfabetismo. Feita com rum, manjericão, mel e limão, o negron é uma das bebidas mais consumidas no Bodegon de Theodoro.
Moeda só para turista

Há dois tipos de moedas: o Peso Nacional Cubano, também denominado Moneda Nacional (MN), utilizado pela população local, e o Peso Conversível Cubano (CUC), valor de troca para o turista. Cada CUC vale 24 pesos cubanos, aproximadamente.

Arquitetura

A arquitetura espanhola pode ser observada em grandes prédios, alguns já restaurados e outros ainda não. Prédios da Plaza Vieja que pareciam irrecuperáveis hoje estão totalmente recuperados.

Figuras populares

Na frente do Capitolio, figuras típicas vendem amendoins ou algum outro tipo de produto aos turistas e posam com eles para fotos. É uma das maneiras de ganharem alguns CUCs ou euros para reforçarem seus magros salários.

Os charutos cubanos

Para compor a foto muitos se valem de charutos sendo que os cubanos são considerados os melhores do mundo.

Os cadilacs

Não dá sair de Cuba sem um passeio ou pelo menos uma foto, junto aos famosos cadilacs dos tempos pré-revolucionarios. Os cubanos dizem que seus mecânicos são os melhores do mundo uma vez que conseguem colocar em funcionamento essa charmosa frota da década de 50.

Como no tempo dos espanhóis

Ao longo do período de colonialismo espanhol, Havana era cercada por muralhas. A abertura do portão no início da manhã e o seu fechamento no final do dia eram anunciados com um tiro de canhão. A população era assim avisada porque antes a abertura e depois do fechamento quem estava fora não entrava e quem estivesse dentro não saía.

A cerimônia é encenada diariamente, às 21h, na fortaleza San Carlos de la Cabaña exatamente como nos tempos dos espanhóis. Antes da encenação, os turistas costumam visitar o museu, para conhecer a história do local e observar, entre outros objetos, os uniformes, guilhotinas e armamentos utilizados naquela época. Também há uma feira de artesanato.

Alimentos garantidos, porém racionados

Cuba é um país pobre, condição que atribui ao embargo imposto pelos Estados Unidos. Todos recebem comida, mas essa é bastante racionada. A cota mensal é retirada em armazéns bastante sujos e com prateleiras quase vazias. As quantidades são expressas em um quadro verde e o controle é feito pela caderneta.

Consumo de turista

Acessíveis somente aos turistas, lojas de grife convivem lado a lado com a pobreza dos centros de distribuição de mantimentos. Os produtos são inatingíveis aos cubanos.

lojas de grife

Geladeria Coppelia

Até mesmo a compra de sorvetes evidencia a diferença entre os turistas e os cubanos. Parada obrigatória, Coppelia é uma famosa cadeia de sorvetes com lojas em diversos locais de Havana. Em função da diferença entre a moeda utilizada pela população e a dos turistas, os cubanos precisam esperar atendimento em longas filas (o que é muito comum em Havana). O turista é atendido prontamente em um local separado.

Centro Histórico

A Catedral de São Cristóvão está localizada na Calle Empedrado, sendo um dos pontos turísticos mais visitados na Habana Vieja. Considerada pelos cubanos como a construção mais importante da Plaza de la Catedral, levou mais de 30 anos para ser concluída e apresenta duas torres diferentes. Contam os cubanos que as pedras com que foi construída foram retiradas do fundo do mar.

Bodeguita del Medio

A Bodeguita del Medio era um dos locais frequentados por Ernest Hemingway. Na parte da frente há um bar com música ao vivo e senta-se no balcão. O restaurante fica nas salas internas e o visitante costuma deixar registrada a sua passagem no local assinando nas paredes.

Floridita

A Floridita era o outro local que Hemingway costumava frequentar e onde bebia o daiquiri, um drink à base de limão e rum. À esquerda do balcão há uma estátua do escritor, exatamente no lugar que ele gostava de sentar.

Mojito

O mojito, também feito com rum branco, suco de limão e hortelã, é um dos drinks mais tradicionais de Cuba, sendo consumido em todos os bares e restaurantes.

Ambos os Mundos

O apartamento em que Hemingway morou no Hotel Ambos os Mundos ainda hoje é preservado e pode ser visitado mediante pagamento de ingresso. Nesse quarto, o visitante poderá ver a cama, a máquina de escrever e uma série de objetos pessoais do escritor.

Foi no quarto 511 do hotel Ambos os Mundos que Hemingway escreveu Por quem os sinos dobram.

Transporte econômico

Além dos famosos cadilacs, quem for a Cuba não pode deixar de passear de charrete, coco taxi e nos bicitaxi na Havana Velha.

Propaganda e ideologia

Em Cuba, a propaganda trabalha exaustivamente a ideologia socialista no intuito de preservar as ideias revolucionárias. Além de mensagens na televisão e outros meios de massa, nas avenidas, praças, pontes e até mesmo nos hotéis painéis conclamam os cubanos a serem fiéis a sua história afirmando que “é preciso combater a crise mundial capitalista”. Por mais paradoxo que pareça, em um país onde liberdade é o que não existe, lê-se em faixas afixadas em locais públicos: “La libertad no se puede bloquear”. Mas as imagens mais exploradas são as de Che Guevara, o “Comandante Amigo” e de Los Cinco Herois como são conhecidos os cubanos presos em Maiami em 1998 sob acusação de espionagem. Gerardo Hernandez, Ramón Labaniño e Antonio Guerrero foram libertados no final de 2014 como parte de um acordo com os EUA que incluía a libertação do norte-americano Alan Gross. Fernando González e René Gonzalez já haviam sido soltos anteriormente por haverem cumprido suas respectivas penas. Os cinco agentes estavam na Flórida, disfarçados de desertores do regime cubano com os objetivos de munir Havana com informações sobre as organizações anticastristas que atuavam nos EUA. Considerados heróis nacionais o que se vê agora são cartazes são de gratidão e enaltecimento.

Música em todo lugar

Há salsa em todos os lugares, em bares, restaurantes, hotéis e até na rua. Quase sempre os clientes são convidados a dançar.

A espera de nada

É comum se encontrar pessoas sentadas nas janelas e sacadas olhando para o nada. De acordo com guias locais, isso acontece porque elas não têm expectativas. Embora precariamente, todos possuem casa e comida. Assim, sem desafios e expectativa de melhoria, olham a vida passar.

Com teto, porém morando mal

Prédios antigos, onde residem simultaneamente diversas famílias, tornaram-se verdadeiros cortiços e vários deles estão localizados no centro de Havana.

Crianças bem encaminhadas

Embora a pobreza seja grande, não se vê crianças pedindo esmolas nas ruas. No geral, elas estão de uniforme indo ou vindo de alguma atividade educativa.

Paladares

Uma alternativa diferenciada e relativamente nova em Cuba são os restaurantes privados, conhecidos como paladares. São famílias que servem refeições a um número reduzido de clientes nas suas próprias casas. O preço é semelhante ao dos restaurantes e como nesses, geralmente há música ao vivo. Esse tipo de empreendimento é mais vantajoso financeiramente não só para o proprietário, mas também para seus empregados, que em empregos públicos ganhariam menos. No centro de Havana está o paladar Don Lorenzo, com uma comida simples, mas gostosa, servida por um simpático garçom ao som de um trio muito animado.

Onde ficar: Habana Libre

O hotel Habana libre, da rede Meliá possui amplos apartamentos e está localizado no Centro. Nos andares altos tem-se uma vista privilegiada de Havana. O café da manhã é farto para os padrões locais e como a grande maioria dos cubanos, os funcionários são muito simpáticos.

Boa viagem!

 
 
 

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