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Paraty: uma viagem ao Brasil colonial

  • Cristina Viñas Gomes
  • 23 de set. de 2015
  • 11 min de leitura

Paraty é história, arquitetura e natureza. O município que desde 1966 ostenta o título de Patrimônio Histórico Nacional e atualmente busca o reconhecimento como Patrimônio da Humanidade pela Unesco destacou-se, no século XVIII, como importante porto por onde se escoava o ouro e as pedras preciosas oriundas de Minas Gerais com destino a cidade do Rio de Janeiro para, de lá, seguirem para Portugal. Hoje, Paraty tem um charme todo especial. Com seu conjunto arquitetônico colonial bem preservado, as ilhas, as praias, as cachoeiras e os alambiques de aguardente de cana, se transformou num procurado destino turístico por brasileiros e estrangeiros.

O centro histórico, cercado por correntes para impedir a passagem de automóveis, reúne casarões coloniais, igrejas, bares, restaurante e inúmeras lojas onde se pode encontrar as mais belas peças de artesanato.

Trata-se de uma cidade que foi planejada por engenheiros portugueses que atentaram para a sua vocação portuária e necessidade de defesa. As ruas, com calçamento com pedras pés-de-moleque, formam um canal, para escoamento da água da chuva e também para a entrada do mar. O objetivo era limpar a cidade dos estrumes de cavalos e burros de carga.

Para alguns historiadores, a fundação do povoado que originou Paraty ocorreu em 16 de agosto de 1531, dia de São Roque, mas não existem documentos que comprovem tal fato. As informações que se dispõem indicam que os primeiros moradores chegaram a essa região no final do século XVI e que, em março de 1844 a vila foi elevada à categoria de cidade.

Mas essa cidade colonial não oferece apenas história a seus visitantes. Reúne belas praias, cachoeiras e ilhas de grande beleza natural. O turista pode optar entre o ecoturismo e o simples lazer. Tem possibilidade de realizar caminhadas em trilhas ou participar de jipe tours com visitas ao Parque Nacional da Serra da Bocaina, na Mata Atlântica, incluindo banhos nas cachoeiras e paradas para degustação de um dos produtos mais tradicionais da região: a cachaça de cana.

Outros programas bastante procurados são os passeios de escuna pela baía de Paraty com paradas para banho e prática de snorkel ou simplesmente para visitas a praias desertas com águas cristalinas. Mas as belas praias de Trindade, bem mais movimentadas, não perdem nada em nada para essas. Suas águas também são límpidas e têm a vantagem de contar com melhor infraestrutura de bares e restaurantes.

Paraty fica a 243 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro, 297 de São Paulo e 97 quilômetros de Angra dos Reis. Agências locais realizam o transfer dos aeroportos do Rio e São Paulo e preços razoáveis.

Brasão

O Brasão das Armas de Parati é um escudo português que lembra a origem lusitana do Brasil. As datas de 1667 e 1844 referem-se à elevação de Paraty à vila e à categoria de cidade, respectivamente. O primeiro quartel, em verde homenageia o índio Guaianá, primitivo habitante da região. O segundo, em vermelho, traz o carimbo com as armas de Portugal, o qual era utilizado para a autenticação de documentos e atos do governo. O terceiro quartel faz alusão à piscosa orla marítima da região e o quarto destaca o casario colonial.

Centro Histórico

O Centro Histórico é cercado por correntes desde a década de 60 quando a cidade foi tombada para impedir a passagem de veículos automotores. O objetivo é evitar rachaduras nas casas que são de pau a pique: barro, madeira e óleo de baleia. Guias locais acompanham os turistas em um passeio pelo Centro Histórico ao preço de 25 reais.

Influência maçônica

Pelo fato de os maçons haverem tido grande participação nos primeiros tempos de Paraty, principalmente como comerciantes e senhores de engenho, observa-se em muitas casas essa presença na decoração externa que utiliza a simbologia maçônica.

Sobrado dos bonecos

Localiza-se na Rua do Comércio sendo assim denominado porque, anteriormente, sobre a platibanda havia cinco estátuas de bronze representando os cinco continentes, as quais foram vendidas na década de 30. Outro diferencial é o fato de as telhas de porcelana terem sido pintadas à mão. As pedras que circundam as portas são as mesmas dos cunhais e as cornetas são calhas de chuva. Naquela época, quanto mais dinheiro a família possuía, mais elaborada era a sacada e a frente das residências.

Porta do Passo da Paixão

Uma das portas dos Passos da Paixão de Cristo localizada na Rua do Comércio ao lado do Sobrado dos Bonecos. No seu interior há altares de propriedade da Igreja que são utilizados em procissões, sendo abertas no dia de Corpus Christi, na Sexta-feira da Paixão e no Domingo de Ramos.

Sobrado dos Abacaxis

Além dos símbolos maçônicos e do gradil de ferro trabalhado nas sacadas, diversos abacaxis, que representam a prosperidade complementam a decoração.

Cavalos bem guardados ou amarrados

Na época, era costume guardar os cavalos dentro de casa. As portas são altas para que a se pudesse entrar a cavalo.

Água do mar e caranguejo nas ruas

Como na época do ciclo do ouro o movimento de cavalos e burros era intenso, o que resultava em muita sujeira, Paraty foi planejada para ser lavada pela água do mar. Para tal, existem orifícios na murada de proteção, sendo comum encontrarem-se os caranguejos trazidos pela maré caminhando pelas ruas da cidade.

Turistas o ano inteiro

Paraty recebe turistas de todo o Brasil e um grande número de estrangeiros durante todo o ano, principalmente os argentinos. No entanto, em feriados, e festas como a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), Semana Santa, Natal, Final de Ano e Carnaval a procura é muito maior. Seja qual for a época do ano, o turista não pode esquecer-se de levar um par de tênis ou algum outro calçado confortável para caminhar no Centro Histórico. Salto alto nem pensar.

Praça da Pedreira

Era ponto de parada dos tropeiros que chegavam pelo Caminho do Ouro. No seu interior está o chafariz de mármore mandado construir pelo Presidente da Província do Rio de Janeiro em fevereiro de 1851 para abastecer a cidade de água. Junto a ele estava o posto utilizado pelas escravas para lavagem de roupas e onde os tropeiros davam de beber a seus animais.

Praça das Matriz

No local onde hoje fica a Praça da Matriz, até 1900 havia um cemitério. Atualmente, o maior movimento é durante a noite, cercada por restaurantes e bares com mesas na calçada. A Praça da Matriz fica no Centro Histórico e por isso o meio de transporte utilizado são as bicicletas.

Cunhais de pedra

Warley, o pirata, é o guia mais famoso de Paraty. Ele conta a história da cidade e mostra como os cunhais de pedra existentes em algumas esquinas serviam como alça de artilharia. Esses cunhais eram feitos das pedras utilizadas como lastro nos navios que vinham da Europa.

Empório da Cachaça

Oferece grande diversidade de cachaças locais. Abriga também o Museu da Cachaça, um espaço reservado com cachaças raras.

Localização: Rua Dr. Samuel Costa, 22

Tel.: (24) 3371-6328.

Atelier Aracati

Na calçada, em frente ao Atelier Aracati o turista tem a possibilidade de observar o artesão customizar moedas antigas. O atelier também trabalha com talheres antigos e biojoias para o que utiliza a jarina, uma semente de origem amazônica.

Biblioteca

O prédio da antiga cadeia de Paraty desde 1997 abriga a Biblioteca. Está localizado no Largo Santa Rita ao lado da igreja cartão postal.

Rua do Fogo

Bem próxima da Igreja Santa Rita, a Rua do Fogo, durante o dia, era utilizada como cozinha pelos escravos e à noite virava zona de prostíbulo. Esse fato é contestado por alguns historiadores.

Cais e Mercado

No cais do porto, de onde partem as escunas para os passeios, também é proibido o trânsito de veículos automotores.

Várias agências oferecem passeios de escuna. Os roteiros são praticamente os mesmos e os preços semelhantes. Pode-se comprar o programa na agência ou diretamente no cais do porto, no próprio barco.

Os roteiros incluem passeio na Baía de Paraty, com paradas para mergulho e banho em praias das ilhas.

Zona comercial

A Rua Roberto da Silveira, bem próxima ao Centro Histórico, é a principal zona comercial de Paraty. É onde se localizam os bancos, lojas e as agências de turismo.

Uma das principais agências é a Paraty Tours, que realiza transfers do Rio de Janeiro e São Paulo para Paraty, assim como passeios de jipe, escunas, city tours, cavalgadas, etc.

Localização: Av. Roberto da Silveira, 11 Tel./fax: (24)3371-1327 (24) 3371-6112.

O meio de transporte hoje

A bicicleta é o único transporte utilizado no Centro Histórico, é possivel alugar temporiariamente. Enquando isso os automóveis e motos permanecem no lado externo, após as correntes.

Carnaval

No carnaval, um dos períodos mais movimentados da cidade, as ruas são enfeitadas com bandeirolas e os casarões, com as bandeiras dos respectivos blocos.

Câmara e informações

O prédio onde hoje está a Câmara Municipal localiza-se na Rua Samuel Costa e abriga também o Centro de Informações Turísticas.

Casas sem janelas

As casas próximas ao cais não possuem janelas; apenas portas. Isso acontece porque naquela época, as construções desse setor da cidade eram destinadas a armazéns e depósitos.

As igrejas

Igreja Nossa Senhora dos Remédios

Também conhecida como Igreja Matriz, teve sua construção parcialmente concluída em setembro de 1873, 86 anos depois de haver começado, já que as torres estão inacabadas até hoje. A razão foi a falta de recursos e de mão de obra escrava. Fala-se ainda que essa igreja teria se inclinado para a frente devido a inconsistência do terreno em que se encontra.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito

Atualmente é conhecida apenas como Igreja do Rosário. Sua construção iniciou em 1725 e foi concluída em 1757. Era destinada aos escravos e por esse motivo não possui sacadas laterais internas, as quais nas demais igrejas eram ocupadas pelas autoridades. Os alteres são dourados.

Igreja de Santa Rita

Inaugurada em junho de 1722, é a igreja mais antiga de Paraty sendo também conhecida como Igreja Cartão Postal. Na fachada observa-se a utilização das mesmas pedras dos cunhais. As janelas foram construídas de modo que, se necessário, poderiam ser usadas como ponto de artilharia. Ao lado existe um cemitério no estilo columbário.

Capela Nossa Senhora das Dores

Foi fundada pelas mulheres da aristocracia em 1800. Não era permitida a entrada de homens e nem escravos.

Casa de Cultura de Parati

Construído em 1754, o prédio onde se localiza a Casa de Cultura, assim como muitos sobrados de Paraty era, inicialmente, residência na parte superior e armazém na inferior. Hoje, a Casa de Cultura possui uma exposição permanente sobre a história, cultura e arte da região, contando também com loja e livraria.

Aberta ao público de terça a domingo das 10h às 22h. Localização: esquina das ruas Samuel Costa e Dona Geralda.

Teatro de Bonecos

Pertencente ao Grupo Contadores de Histórias, funciona nas quartas e sábados às 21h. Em temporadas de feriados também abre nas sextas-feiras. Os ingressos estão à venda na própria loja do teatro, agências de turismo e recepção de hotéis, mas só é permitida entrada de maiores de 14 anos.

Localização: Dona Geralda, 327. Tel.: (24) 3371-1161.

Alguns restaurantes localizados no Centro Histórico

Santa Rita

O restaurante Santa Rita é o mais antigo de Paraty. Aberto diariamente para almoço e jantar, funciona em um sobrado colonial próximo à Igreja Santa Rita.

Galeria do Engenho

Também localizado dentro do Centro Histórico, o Restaurante Galeria do Engenho é especializado em frutos do mar, embora também sirva carnes e frango. O serviço é à la carte com ótimo atendimento.

Uma boa pedida é o Peixe à Indiana (linguado acompanhado de arroz com curry e batatas assadas). O preço é justo. Localização: Rua da Lapa, 18. Tel.: (24) 3371-2335.

Netto Restaurante

O local é simples, mas a comida é bem feita e muito saborosa, com bom atendimento. Os pratos são sempre para duas pessoas, com preços são bastante razoáveis que variam entre 40 e 60 reais. A cerveja Original custa 12 reais.

Localização: Rua Maria Jacone de Mello, 402.

Ristorante e Pizzeria Punto Divino

É, segundo os donos, “um pedaço da Itália no Coração de Paraty”. A pizza é muito boa, mas poderia ter um pouco mais de recheio.

Localização: Rua Marechal Deodoro, 129, junto à Praça da Matriz. Tel.: (24) 3371-1348.

Benditas Restaurante

Localizado ao lado da Câmara Municipal, o Restaurante Benditas oferece pratos saborosos e música ao vivo de excelente qualidade. Rua Samuel Costa, 267. Tel.: (24) 3371-1445.

Paraty 33

Um dos points mais animados da noite de Paraty. Música ao vivo muito boa; porém os preços não são tão convidativos.

Localização: Rua da Lapa, 357. Tel.: (24) 3371-7311.

Candeeiro

Comida gostosa e música ao vivo excelente. Sugestão: Moqueca de peixe e peixe com alcaparras, Os pratos são gostosos e fartos.

Localização: Rua da Lapa, 335. Tel.: (24) 33716245.

Passeios imperdíveis

Tours de jipe 4 x 4 pelas Cachoeiras e alambiques

Passeios pelo Parque Nacional da Serra da Bocaina, em meio a Mata Atlântica com direito a banho de cachoeira e degustação em alambiques.

Cachaça Pedra Branca

O Alambique Pedra Branca proporciona uma visita orientada com explicações sobre todas as etapas do processo de fabricação da cachaça, desde, o início, passando pela fermentação e envelhecimento. A visita termina com a degustação de aguardentes e licores. As cachaças mais procuradas são: de banana e Gabriela Cravo e Canela. Dentre os licores, destaca-se o de pimenta.

Em 2011, em evento realizado em São Paulo, a Pedra Branca foi eleita a melhor cachaça envelhecida.

Horários de visitação, degustação vendas:

De segunda a sábado, das 9h às 17h.

Domingos: das 9h às 15h.

Estrada da Pedra Branca, km 01, Ponte Branca.

Tel.: (24) 7835- 4065 e (24) 7813-2247.

Alambique Paratiana

No Alambique Paratiana, além da degustação de cachaças, também se pode comprar outros produtos como balas de cachaça (8 reais o pote), além de pimentas, temperos caseiros e doces em compotas, a preços que variam de 14 a 20 reais. Localização: Estrada da Pedra Branca, km 1 – Ponte Branca Tel.: (24) 3371 -6329.

Alambique Engenho D’Oro

Possibilita visitação com degustação de cachaça envelhecida em barris de carvalho ou jequitibá.Possui restaurante com capacidade para 70 pessoas, cuja especialidade é a galinha caipira. Produz cachaça de forma artesanal e com cana de açúcar orgânica. Localização: Estrada Paraty-Cunha, km 8, Penha Tel.: (24) 99832-7339 e (24) 988161612

Cachoeiras e Poços

Das muitas cachoeiras e poços que existem na região destacam-se as cachoeiras do Tobogã, Pedra Branca, da Pedra Lisa e da Usina e os poços das Lages, dos Ingleses e das Andorinhas. Em todos, a água é fria, mas o banho é gostoso e relaxante. No caminho para a cachoeira da Pedra Branca pode-se encontrar macaquinhos que, acostumados com a presença de turistas, recebem comida diretamente da mão do guia.

A cachoeira da Pedra Branca é formada por duas quedas que terminam em piscinas naturais onde se pode tomar um excelente banho apesar da baixa temperatura da água. Os banhistas saltam do alto da pedra e também se balançam em cipós antes de mergulharem.

Trindade

Vila de pescadores onde se pode fazer trilhas pela mata e visitar as mais belas praias da região. O centro de Trindade se inspira no jeito alternativo de viver das décadas de 60/70. O passeio pode ser realizado com agências de turismo (cerca de 80 reais) ou em ônibus de linha, ao preço de 3,50 reais a passagem. Há ônibus praticamente de hora em hora, mas tanto na ida (na rodoviária), quanto na volta (em Trindade), as filas são grandes e corre-se o risco de se viajar em pé. No retorno, é recomendável que se vá para a fila antes das 16h30 porque depois disso, a chance de não se conseguir lugar é imensa.

Onde Ficar

O turista pode optar entre hospedar-se no Centro histórico com toda a sua magia ou ficar próximo ao mesmo e nesse caso, tem a vantagem de poder chegar de automóvel até a frente da sua pousada.

Pousada do Sandi

De propriedade da família que fundou a Paris Filmes, a Pousada do Sandi oferece muito luxo e requinte aos seus hóspedes. Em um casarão de 300 anos que até hoje conserva a arquitetura e os elementos decorativos da época da sua construção, está localizada no Centro Histórico, o que facilita as caminhadas nesse local.

Localização: Largo do Rosário, 01. Tel.: (24) 3371-2100

Pousada Doce Paraty

A grande vantagem é o fato de a pousada estar situada ao lado do Centro Histórico, a cerca de 50 metros. Isso facilita as caminhadas e como está fora, é possível se chegar de automóvel, o que é importante para turistas que possuem malas pesadas. O café da manhã é muito bom e farto. As instalações são limpas e simples, sem luxo.

Boa viagem!

 
 
 

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